MEMÓRIAS

Saiba como foi a urbanização e comércio da Praia Grande no Centro Histórico

A Praia Grande já tinha belo formato urbano e transformada no principal centro comercial de São Luís

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Tudo começou no Século XVIII, quando a região que hoje abriga o bairro Praia Grande, no Centro histórico de São Luís, começou a ser transformada, deixando de ser um lugar pantanoso onde só havia lama, manguezal e mato, sendo muito alagado, visto que por ser a parte baixa da cidade, recebia as águas de boa parte da cidade, como Largo do Carmo, Rua de Nazaré, Rua da Palma, Rua do Giz, e outras.

No Século XIX, a Praia Grande já tinha belo formato urbano e transformada no principal centro comercial de São Luís, com imponentes sobrados com suas fachada de azulejos, que até hoje encantam os nativos e visitantes. A Praia Grande, pelo seu patrimônio arquitetônico, lembra Lisboa (Portugal). Legado deixado pelos colonizadores lusos.

Tudo leva à Praia Grande

Todos os caminhos levam ao bairro Praia Grande. São ruas e becos, escadarias históricas e travessas que guardam segredos e mistérios, abrigando lendas que ainda hoje fazem parte do imaginário popular.

Lá se encontram a Rua do Trapiche, Beco da Alfândega, Travessa Fluvial, Rua da Estrela, Beco da Prensa, Beco Catarina Mina com sua lendária escadaria que liga a Rua de Nazaré à Rua Portugal, onde está a maior concentração dos sobradões de fachadas azulejadas; Praça do Comércio, Rua do Giz, Rampa do Comércio, agora denominada Rampa Campos Melo, Praça dos Catraieiros, Praça Nauro Machado, Rua João Vital de Mattos.

Na Praia Grande foi construído imponente prédio que por muitos anos abrigou a Alfândega ( Receita Federal) hoje é a Câmara de Vereadores. Em frente à feira, também na Rua da Estrela, um grande sobrado, abriga a sede da Defensoria Pública do Estado.

No prédio da Casa do Maranhão, funcionou o Tesouro do Estado, onde as embarcações atracavam e despachavam suas mercadorias junto à Fazenda Estadual.
Com o decorrer do tempo, a Praia Grande sofreu transformações significativas a partir das obras de sua recuperação urbana promovida pelo Poder público, através do Projeto Reviver e do aterro que ampliou o seu território dando origem à Avenida Vitorino Freire, parte integrante do Anel Viário, construído pelo prefeito Haroldo Tavares.

Progresso transformador

Com o crescimento da cidade e a construção de rodovias ligando a capital aos municípios do interior do estado e aos grandes centros, o comércio de produtos manufaturados que sustentava a Praia Grande, a partir do anos 60, foi caindo em decadência e as tradicionais casas comerciais como a Casa Âncora, Casa das Ferragens, Lima Sobrinho(especializada em tecidos), A.O. Gaspar e outras, encerraram suas atividades, dando lugar a centros culturais como o Museu de Artes Visuais que traz exposições contemporâneas, enquanto a Casa do Maranhão preserva a memória folclórica do Estado, Museu do Reggae, Museu da Gastronomia, Centro de Criatividade Odylo Costa Filho que tem biblioteca, exposições, espaço para dança, teatro e cinema. Há ainda a Morada das Artes que abriga artistas plásticos, a Casa da Tulhas (Feira da Praia Grande), a Praça Nauro Machado, a Casa de Nhozinho, Teatro João do Vale e a Casa do Tambor de Crioula.

A gastronomia maranhense está mais valorizada com seus pratos típicos oferecidos em casas especializadas como o Cafofo da Tia Dica, Restaurante Cuxá da Ilha, Restaurante Flor de Vinagreira, Don Fernando, Restaurante do Senac, e nos bares e botecos como Bar Latino, Bar do Porto, Mona Lisa Pizzaria, Buriteco, Bar da Faustina e outros.

Casa das Tulhas

É na Praia Grande que se encontra o principal centro comercial de produtos do nosso artesanato e produtos regionais, como camarão seco, peixe seco especialmente a pescada amarela, uritinga, camurim (robalo), jabiraca e outros.

Frutas cristalizadas, castanhas de caju, do Pará, tiquira (aguardente elaborada de mandioca), cachaça da terra, rapadura, batida (tipo de rapadura feita com coco, laranja ou outras frutas), doces de coco, buriti e de outras frutas da região. Farinha d’água, farinha seca, feijão da terra do tipo manteiguinha, vinagre, quebra cadeira, etc.licores de jenipapo, maracujá e outros diversos sabores; temperos diversos como o tucupí, panelas de alumínio ou de ferro, produtos da medicina popular: ervas e sementes usadas na preparação de chás, poções conhecidas como “garrafadas” para curar várias doenças e até disfunção erétil e mau olhado.

Ponto de encontro

A Feira é ponto de encontro dos nativos e turistas que ali se aglomeram em pequenos restaurantes, para saborear as iguarias da culinária regional como a galinha caipira com pirão de parida, tortas d e caranguejo ou de camarão, arroz de cuxá, sarrabulho, mocotó, peixes fritos e peixadas de pescada amarela muito comum na cidade, vinda do litoral norte, ou simplesmente a juçara servida com camarão seco, a preços populares.

Na parte externa da Feira são encontradas lojas com grande variedade de roupas temáticas da cidade, do bumba-meu-boi, do reggae, telas de artistas plásticos locais, grande variedade de chapéus de brincantes de bumba-boi, boinas de regueiros (dançarinos do gênero musical jamaicano que se enraizou em São Luís, rendendo-lhe o título popular de “ Jamaica Brasileira”), chapéus de palha e até panamá.

História

Construída no início do século XIX, a Casa das Tulhas era um conjunto de barracas destinadas a celeiro público, local onde o lavrador guardava e vendia os gêneros de sua produção rudimentar. Em 28 de julho de 1855, a Companhia Confiança, com a licença da Câmara de São Luís, demoliu a Casa das Tulhas para erguer em seu lugar o Mercado da Praia Grande.

O mercado possui pontos comerciais em todo seu entorno. São lojas, restaurantes, bares, lojas de artesanato, ateliê de pintura.

Possui quatro entradas para acesso: sendo as principais pelas ruas da Estrela e Portugal, e outras duas para o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho e Câmara Municipal de São Luís. Na parte interna, quiosques, boxes, bancadas e barracas, vendem todo tipo de produto, principalmente os ligados à gastronomia. Lanchonetes também são bastante frequentadas por trabalhadores da área, moradores ou visitantes.

Vida noturna

A partir das quartas-feiras, até sexta-feira, a Praia Grande se transforma em uma grande atração noturna com imensa aglomeração de jovens e adultos, lotando os bares que oferecem, além das bebidas, os petiscos com sabores da terra e música ao vivo ou mecânica, notadamente da Música Popular Maranhense. A Praça Nauro Machado é onde se concentra maior parte da multidão frequentadora, para o bate-papo, ou a paquera, abastecidos pelos inúmeros ambulantes que afluem para o entorno daquele logradouro, oferecendo grande variedade de bebidas. Os pratos da culinária típica, assim como lanches com bolos e sucos de frutas regionais, salgados diversos e beijus de inúmeros sabores, são oferecidos pelas barracas que ficam na calçada da Câmara Municipal.

Para os que gostam de curtir um ambiente mais descontraído e dançar, a opção é o Bar Canal, localizado ao lado do Terminal da Integração de Transporte Coletivo, à margem do Rio Bacanga, com música ao vivo, enfatizando o gênero popular brega e as serestas.

A Feira da Praia Grande também conhecida como Mercado ou Casa das Tulhas, está passando por obras de requalificação do seu espaço físico e seus barraqueiros foram transferidos para tendas improvisadas na Travessa da Alfândega. Naquele logradouro funciona toda quinta-feira, um show de música ao vivo, intitulado “ A Via é Uma Festa”, criada e organizada pelo poeta e músico José Maria Medeiros. Este evento está suspenso em função das obras da feira.

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