JOVENS SAMURAIS

Projeto de Karatê restaura vidas na Ilhinha

Projeto social que tem como base a fomentação do karatê atende cerca de 40 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade na Ilhinha

Reprodução

Uma oportunidade de inclusão social por meio do karatê. É dessa forma que o projeto Jovens Samurais está sendo realizado com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade do bairro da Ilhinha, que foi adotado por membros na Igreja Evangélica Restaurando Vidas – Ministério da Cruz para Nações, localizada próximo à Lagoa da Jansen.

O projeto, que surgiu há um ano e meio, atende atualmente cerca de 40 crianças e está sendo mantido por meio de voluntários e doações, que ajudam na manutenção dos custos com a compra de quimonos que são distribuídos gratuitamente para os beneficiados. As aulas são ministradas pelos professores de karatê Yuri Almeida, Pedro Almeida, Eraldo Cardoso e outros professores voluntários de diferentes academias da cidade que se uniram em torno da causa.

Segundo o professor de karatê Yuri Almeida, que é presidente da Federação de Karatê do Maranhão e um dos idealizadores do Jovens Samurais, as aulas da arte marcial japonesa que ganhou o mundo acontecem três vezes na semana e com custo zero para os participantes, o que está transformando a vida de muitos jovens, mas necessita de uma ajuda. Para isso, está lançando uma campanha nas redes sociais para quem quiser contribuir de alguma forma com o projeto. “O projeto, que é voltado para pessoas com idade ente quatro e 40 anos, surgiu com o intuito de incluirmos socialmente estas crianças e adolescentes que nunca tiveram a oportunidade de praticar de maneira sistemática um esporte em sua vida. Aos poucos, temos conseguido fazer a compra dos quimonos, mas nem todos têm. Por isso, estamos tentando sensibilizar a sociedade civil e instituições da rede privada para abraçar esta causa. Como filho de uma família que tem uma linhagem karateca e membro da igreja, resolvemos repassar os nossos conhecimentos de karatê e outros valores sociais a estas pessoas que são carentes de uma oportunidade”, explicou Yuri Almeida, que também é sansei (professor) da Academia Budô kan de Karatê, uma das pioneiras da prática do esporte em São Luís desde 1970.

Para Mauriane de Hungria, dona de casa e mãe de três filhos que são atendidos há cerca de um ano pelo projeto social, o Jovens Samurais tem contribuído há um ano na educação das crianças. “Eu gosto muito que eles estejam participando destas aulas de karatê, pois têm me ajudado na disciplina com meus filhos. Eles estão mais obedientes e atenciosos com o que eu falo. Mudaram mais de 50%. Isso, para mim, quer dizer que eles estão seguindo um caminho certo”, disse a mãe das crianças.

Quem também está feliz com a participação de seus filhos no projeto é a empregada doméstica Marcia Cristina Oliveira Rodrigues, mãe de três filhos: Julio César, de 13 anos, Julia Cristina, de 15, e Josias Henrique, de 9. “Não tenho palavras para descrever sobre esse projeto. Meus filhos estão muito satisfeitos com o que estão aprendendo aqui e eu mais ainda. Acompanho as aulas de perto e não tem essa violência que as pessoas pensam que o karatê tem. Muito pelo contrário, é um esporte que carrega em si todo um valor educacional”, acrescentou Marcia Cristina.

Samurais do amanhã

Entre as crianças atendidas pelo projeto, está o estudante Williston Jr, de 8 anos, que em entrevista a O Imparcial afirmou que descobriu que ama o karatê e que pretende levar o esporte para o resto da vida. “Eu gosto das aulas de karatê. Quando crescer, quero virar um grande carateca, passando por todas as faixas até chegar à preta”, falou o menino. Outra beneficiada pelo projeto é a estudante Maria Eduarda Coelho Silva, de 14 anos, que participa do projeto desde o início. Ela revelou que, quando começou a fazer as aulas de karatê, suas amigas ficavam curiosas para saber como é que era e que tem gostado muito porque está menos “brigona”. “Antes, eu implicava com tudo. Era meio brigona. O projeto está me ajudando a ser menos respondona. Espero ser faixa preta. Já estou na amarela. Quando cheguei aqui, minhas amigas perguntavam como era e eu dizia que era bom. Gosto de karatê, mas quero ser advogada”, disse a menina. Quem também tem frequentado o projeto, que está contribuindo para sua formação social, é o entregador de quentinhas Daniel do Carmo, de 21 anos. “Quando soube do projeto, imediatamente me inscrevi porque era a realização de um sonho antigo. Além disso, estou tendo a oportunidade de rever os meus valores”, disse o rapaz, que sonha em ser um promotor de Justiça.

Para Eduardo Torres, apóstolo e fundador da igreja evangélica que há 10 anos trabalha o lado religioso e de inclusão social dos moradores da Ilhinha, o Jovens Samurais veio somar com a missão de seus membros. “A nossa meta é promover uma mudança de cultura e a mentalidade de valores destas criançar por meio do esporte. Isso, para nós, tem sido ao mesmo tempo forte e gratificante. O nosso objetivo não é só proporcionar um treino de uma arte marcial, e sim proporcionar um estilo de vida transformador para estas crianças e adolescentes com mais educação e saúde”, ressaltou Eduardo Torres.

Sair da versão mobile