O que é esperado para a tecnologia nos próximos anos? Sabe-se que as mudanças nessa área são muito rápidas e nem sempre é fácil prever o que será tendência. Entretanto, os aparelhos apresentados são pensados como meios de atender demandas de consumidores. Dessa forma, perguntar aos usuários o que eles aguardam é uma boa maneira de tentar enxergar o que pode ser popular no futuro próximo.

Realizado desde 2011, o relatório anual do ConsumerLab, da Ericsson, é uma dessas pesquisas que buscam prever o futuro da tecnologia. Por meio de entrevistas com usuários de tecnologia de mais de 40 países, o documento apresenta 10 tendências de consumo para os anos seguintes.

Segundo André Gualda, especialista do ConsumerLab na América Latina, para 2015, elas estão relacionadas com o crescimento da internet e de dispositivos inteligentes. “Percebemos que os consumidores, principalmente os mais jovens, veem que os aparelhos podem estar conectados e ajudar no dia a dia, seja um celular, seja um eletrodoméstico.” Assim, a expectativa é que casas, trabalho e a cidade como um todo estejam interligados de forma inteligente.

Confira quais são as prováveis novidades, segundo a pesquisa.

Robôs domésticos

Não é de hoje que as pessoas esperam que robôs façam o serviço doméstico. Mas o avanço tecnológico tem tornado esse sonho cada vez mais próximo. Já existem atualmente pequenos andróides com sensores capazes de limpar o chão de forma autônoma, por exemplo. Mas tais aparelhos ainda são caros e necessitam de algumas melhorias. Ainda assim, 64% também acreditam que isso será comum em 2020. Um fato interessante é que parte dos entrevistados gostaria de um desses para além das atividades domésticas, como fazer companhia, conversar etc.

Minhas informações

Apesar do anseio em usar o smartphone como facilitador de pagamentos, os entrevistados ainda estão preocupados em formas de manter a privacidade das informações. 47% dos donos de smartphones gostariam de poder fazer pagamentos eletronicamente, mas sem a transferência automática de informações pessoais. Além disso, 56% dos usuários de dispositivos móveis gostariam que toda a comunicação via internet fosse criptografada. A preocupação com segurança faz sentido — afinal, o aumento de transações financeiras digitais tem chamado a atenção de cibercriminosos.

Casas úteis

Eletrodomésticos como geladeiras, máquinas de lavar e fogões não mudaram muito nos últimos 50 anos. Mas, segundo a pesquisa da Ericsson, isso deve passar por alterações. Os consumidores acreditam que em breve todos os eletrodomésticos apresentarão conexão com o mundo digital. Alguns modelos de geladeira atuais, por exemplo, já são capazes de identificar produtos em falta e fazer o pedido on-line. Além disso, boa parte dos entrevistados mostrou grande interesse em ter sensores em casa que alertem para questões relacionadas à água e à eletricidade ou até alertas sobre a chegada e a saída de membros da família.

Crianças conectam tudo

Diferentemente das gerações anteriores, as crianças atuais já nasceram imersas no mundo virtual. Na realidade, para os jovens, a tendência é que o real e o digital sejam a mesma coisa. Prova disso é a facilidade com que os pequenos manuseiam dispositivos como celulares e tablets. Os jovens vão continuar a conduzir a demanda por uma internet acessível, na qual o mundo físico é tão conectado quanto as telas dos aparelhos. Entre os donos de smartphones entrevistados, 46% dizem que crianças vão esperar que todos os objetos sejam conectados quando forem mais velhas.

O futuro transmitido

Conforme mostrado em edições do Informática, 2014 foi marcado pela diversidade de telas e serviços de vídeo. On demand ou via streaming, no smartphone, no televisor, no tablet ou no computador. O fato é que a tevê tradicional, ou linear, tem perdido espaço, principalmente entre os espectadores mais jovens. Em 2015, a previsão é de que o consumo de mídias alternativas deva superar o de canais de grade fechada em escala global.

Economia compartilhada

Entre as possibilidades apresentadas pelo desenvolvimento tecnológicos estão formas alternativas de negócios. Um exemplo é o crowdfunding, uma espécie de vaquinha virtual para atrair investidores. Diversos negócios com esse tipo de aporte deram certo nos últimos tempos. Outra maneira diferente de negociar são trocas, aluguéis e empréstimos por meio de sites e aplicativos, tendência que deve ganhar força nos próximos anos.

Vida mais longa

Donos de smartphones veem os serviços na nuvem de vários tipos como potencial para viver vidas mais longas e saudáveis. Essa tendência já se mostrou crescente neste ano com diversos lançamentos de pulseiras inteligentes e aplicativos relacionados à saúde e ao bem-estar, auxiliando quem busca hábitos saudáveis. É possível, por exemplo, monitorar atividades físicas, seguir recomendações de nutricionistas e até mesmo checar o nível de estresse com dispositivos recentes.

Cidadãos inteligentes

Não é apenas dentro de casa que os usuários de tecnologia esperam que sensores e conexões com o mundo digital se tornem comuns. A projeção é que as cidades como um todo estejam conectadas. Mapas de volume de tráfego, aplicativos de comparação de uso de energia e verificadores de qualidade da água em tempo real serão comuns em 2020. Dessa forma, os cidadãos podem conferir melhor os serviços disponíveis e até mesmo fiscalizar ações governamentais.

A carteira digital

Se depender dos entrevistados da Ericsson, a carteira recheada de cartões está com os dias contados. Segundo a pesquisa, 48% dos proprietários de smartphone preferem usar o celular para pagar por produtos e serviços, e 80% acreditam que o aparelho inteligente vai substituir as bolsas em 2020. Serviços de pagamento via celular já começam a ser implantados e smartphones já podem ser usados também para passar cartões, facilitando a vida de microempresários, como taxistas e autônomos.

Compartilhamento de pensamento

Novas formas de comunicação continuarão a surgir, oferecendo diversas maneiras de manter contato com amigos e familiares. Muitos dos entrevistados gostariam de usar um dispositivo vestível para se comunicar com outras pessoas pelo pensamento. Por enquanto, esses aparelhos não chegaram a tal capacidade. Mas, segundo Gualda, as formas de comunicação evoluem de maneira muito rápida, passando por conversas telefônicas, mensagens SMS, aplicativos etc. Assim, pode-se esperar que novas formas realmente surjam no futuro.