SÓ AS PEDRAS

Museu do Reggae está aberto ao público

Com paredão e projeções, novo museu faz visitante se sentir dentro de clube de reggae. Artistas de São Luís elogiam Museu do Reggae e a sua importância para a cultura do estado

Fotos: Ocernil Jr.

Aberto para visitações de terça a domingo, das 10h às 20h, o Museu do Reggae do Maranhão, o primeiro do Brasil e o segundo do mundo, conta com uma área de 397 metros quadrados, com cinco salões que homenageiam antigos clubes de reggae, famosos na década de 90. Tudo com as cores do reggae e recursos tecnológicos.

De forma cronológica, o visitante é guiado a uma sequência cultural da massa regueira. Em um primeiro ambiente do museu está disponível uma réplica do Clube Pop Som. É uma área com salão de aproximadamente 35 metros quadrados, móveis que imitam os paredões das radiolas, bar cenográfico e móvel com aparelhagem de som, dando aos visitantes a sensação de estar dentro de um clube de reggae.

Em um segundo espaço, no Clube do BF – nome dado em homenagem a um antigo reduto do Bairro de Fátima – há uma sala de exposição dos artistas, com fotos e discos, além de assuntos do cenário mundial. Este espaço conta ainda com equipamentos de projeção e recursos audiovisuais, por meio de uma linha do tempo, além de diversos manequins trajando a caráter a cultura da massa regueira. Buscando as raízes na Jamaica, a sala de exposição mundial foi implantada de forma cronológica, formando uma linha do tempo, que conta onde começou o reggae e onde está hoje. Na sala 3, no Clube Toque de Amor, o espaço resgata o conteúdo sobre o reggae no Brasil e no Maranhão. E no Clube Espaço Aberto, o de número 4, a homenagem é direcionada aos regueiros famosos. Lá podem ser realizados festivais e encontros musicais com pequenos grupos de pessoas.

Dentro do pátio interno, foi instalada uma área de vivência com lanchonete e uma biblioteca virtual com computador, para que os frequentadores possam pesquisar e fazer trabalhos relacionados ao reggae. A estrutura conta ainda com uma sala de administração e dois banheiros. O projeto arquitetônico do museu tem como principal função homenagear o maior ícone do reggae, Bob Marley, deixando um legado às próximas gerações. O artista foi o responsável por inserir o reggae e a Jamaica no mapa do mundo.

Abrigado no prédio de nº 124 da Rua da Estrela, no centro de São Luís, as obras de adequação para receber o Museu ocorreram na estrutura já existente. O projeto foi elaborado pela equipe da Superintendência do Patrimônio Cultural do Estado do Maranhão (SPC/Sectur), coordenada pelo arquiteto e superintendente do órgão, Eduardo Longhi, em parceria com o diretor do Museu do Reggae, Ademar Danilo. “Nós entramos com a parte de arquitetura e contemplamos o espaço com a melhor forma da ideia que o Ademar propôs, junto com o pensamento arquitetônico do museu, dando ênfase na parte cultural do reggae”, diz Longhi.

Espaço para artistas excluídos

Foto: Ocernil Jr.

“Mais que cores, paredões de radiolas, variedades de exposições artísticas e culturais, o Museu do Reggae do Maranhão imprime a força da massa regueira no estado”, diz o militante da cultura regueira e diretor do Museu do Reggae do Maranhão, Ademar Danilo.

Com uma série de ações estratégicas, o Maranhão tem vivido uma efervescência cultural. Os investimentos resultam no resgate histórico e na valorização dos artistas, além da recuperação dos patrimônios públicos do Maranhão. “O Governo reconhece o reggae como um elemento cultural que contribui fortemente para formação da cultura contemporânea maranhense. Reconhece que o reggae influencia na maneira de falar, de vestir, de dançar, ou seja, o reggae é parte da nossa cultura e ainda agrega o potencial turístico em nosso estado”, ressalta Ademar.

Um dos grandes pesquisadores do Reggae no Maranhão, o professor Carlos Benedito Rodrigues da Silva, o Carlão, diz que o reggae antes era excluído da sociedade: “O equipamento mostra o reconhecimento e a importância que o reggae tem na cultura do estado. O reggae em São Luís na década de 70 era visto com muito preconceito. Primeiramente por acreditarem ser uma invasão da cultura maranhense, e depois pela marginalização. Hoje se reconhece que o reggae é um elemento importante, ocupando espaços centrais, como aspecto importante para o turismo e para o social”.

O DJ de reggae Manoel Santana, conhecido como Chico do Reggae no meio cultural maranhense, relembra as constantes viagens no passado à Jamaica: “A gente nem sabia como se chamava a música jamaicana. Sabíamos que era um som internacional. Em 1976, conseguimos entender do que se tratava. Quando começamos a viajar, na década de 90, passamos a trazer discos. Trazíamos mais de 200 discos por viagens. Eu colecionei mais de 7 mil discos”, conta.

Hoje, parte desse acervo pode ser encontrado no Museu do Reggae. “Trouxe muita coisa legal para que o visitante possa ver. Isso aqui é um sonho desde a década de 90. Não adiantava a gente ter a história do reggae de forma solta. Tínhamos que ter um espaço reunindo toda essa riqueza cultural, e o Museu está cumprindo este papel”, destaca Chico do Reggae.

O Museu

O museu tem as paredes pintadas de verde, vermelho e amarelo. As tonalidades imprimem as “cores do reggae” e são rapidamente identificadas pelos seguidores do movimento rastafári, tendo cada uma o seu significado. O vermelho traz na sua representação o poder e a fé; o amarelo, a igreja e a paz; e o verde, a terra e a esperança.

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